O que ele gostava mesmo era ser da PIDE
Este jovem que dá pelo nome de
João Gomes (JG), sob o disfarce de um avatar, publicou na sua página do “X”, a
imagem que abaixo junto com o seguinte texto: “São estes alguns dos rostos que
em Portugal servem o regime de Putin. Se souberem mais, diga-se que se vai
adicionando”.
Há um website mantido por elementos
ucranianos nazis que faz algo semelhante. Publica uma lista das pessoas que
considera inimigos da Ucrânia, com informação pessoal, com o intuito de lhes
causar dano pessoal. Ao fim do dia, como agora se diz, recorrendo à terminologia
anglo-saxónica, o objetivo do post deste jovem não anda muito longe disso.
Apesar da sua tenra idade
(rondará os 35 anos), apresenta-se como conselheiro sénior da Iniciativa Liberal
(não tenho nada contra a IL), para além de comentador de futebol, olheiro de
futebolistas, e associado a um projeto falhado de alojamentos de curta duração
para turistas.
Também fez algumas incursões no
jornal Observador (dizem que é o jornal da IL) publicando uma rábula de frases
feitas e banalidades sobre a liberdade. Teve a lata de dizer ser “Portugal um
país historicamente associado aos valores da liberdade e da democracia”.
Esqueceu-se de dizer qual era a janela temporal a que se referia. Mas isso não
interessa. É uma coisa bonita de se dizer. Afinal a ignorância também deve ter direito a expressar a sua
opinião. E tem uma vantagem, impede de ver o ridículo.
O que é mesmo cool para subir na
vida é dar nas vistas, um conselheiro sénior tem de dizer umas coisas – mesmo que
sejam umas banalidades, aproveitando o que está a dar para malhar nuns tipos que
com a idade dele já tinham estado em cenários de guerra, e que talvez tenham alguma
propriedade para falar de coisas que JG ignora.
Ah, e falar assim de coisas fixes
como liberdade, globalização, resiliência, tolerância, multiculturalismo. A inteligência
artificial dá um jeito do caraças. Não é preciso ter ideias. Basta ver se as
vírgulas estão no sítio certo. E, entretanto, ir seguindo as crianças que dão toques
certeiros bola. Depois de ler a sua prosa em que não diz nada concluo que aquilo
em que o Dr. JG é mesmo bom é em não pensar.
Há formas dignas de subir na vida, mas andar armado em bufo a apontar o dedo a pessoas por delito de opinião, como se fossem criminosos, não parece ser a mais adequada, nem compaginável com a regurgitação de chavões sobre liberdade de pensamento, mesmo que não se perceba o significado daquilo que se diz. Mas JG tem de o fazer porque afinal ele é conselheiro sénior. E um dia, portando-se bem, ainda vai ser presidente da junta.
PS: Das nove pessoas nas
fotografias, só conheço pessoalmente duas. Uma nem sei quem é. As restantes quatro
conheço-as da televisão. Nunca cheguei à fala com elas.
Comentários