O MINISTRO DA DEFESA NO DEBATE PARLAMENTAR SOBRE O ORÇAMENTO DA DEFESA PARA 201


        Na passada sexta-feira (10NOV2017) o Ministro da Defesa esteve na Assembleia da República, no debate parlamentar sobre o orçamento da Defesa para 2018. Das várias questões abordadas saliento duas em particular: o futuro papel da Força Aérea no combate aos fogos e a adjudicação à NPSA dos contratos de aquisição de equipamento militar, uma agência da OTAN que se faz cobrar bem por esse trabalho. Depois de um discurso muito palavroso (nos tempos do PREC dava-se outro nome a este linguajar), mas pouco substantivo, cabe-nos dizer o seguinte:
        Relativamente ao primeiro assunto, verifica-se que as instâncias oficiais ainda não aprenderam. Não sei o que terá ainda de acontecer para perceberem que a estratégia que estão a seguir é errada. A anunciada utilização dos C-130 (depois de desmilitarizados) e dos KC-390 (a possibilidade de lançarem água vai ainda ser ainda estudada e pelos vistos a pedido de Portugal) no combate aos incêndios recorrendo a kits próprios não é solução. Quantas vezes se terá de repetir que a adaptação de aviões para combater incêndios é uma solução medíocre. Têm de voltar sempre à base após cada descarga para serem reabastecidos de calda retardante ou de água, um processo logístico caro, extremamente moroso e de eficácia questionável. Completamente diferente de ter um bombardeiro pesado de combate a incêndios estacionado, por exemplo em Tancos, com a lagoa da barragem de Castelo do Bode ao lado e que se abastece de 5.500 litros de água em dez segundos. Mais barato, rápido e eficaz. Todos os países da bacia do Mediterrâneo com áreas de florestas comparáveis à portuguesa estão equipados com frotas de 6 a 24 aviões pesados anfíbios de combate a incêndios. Ou ainda há dúvidas sobre o mérito de uma solução que passe por possuir capacidades próprias destes meios? de que estamos à espera para adquirir este tipo de equipamento?  O Governo parece continuar sem planos. Convém não esquecer que a hipótese de se repetirem fogos semelhantes aos de junho e de outubro não só existe como é elevada.
        Relativamente ao segundo tópico, as adjudicações à NSPA. Ao mencionar a aquisição de equipamentos militares, o Ministro da Defesa referiu que seria mais conveniente recorrer a “estruturas (teria sido mais correto falar em instâncias/agências) internacionais por questões de transparência”. Um processo de aquisição de material militar é mais transparente se for feito pela NSPA do que pelas autoridades portuguesas. Ora esta afirmação está ao nível das declarações sobre o furto de equipamento militar nos paióis de Tancos, tão bem conhecidas dos portugueses, pela sua infelicidade. Isto foi dito aos deputados da Nação e ninguém questionou o teor desta afirmação. Estariam distraídos?! Dispenso-me de comentários. Na prática, ao admitir que os processos de contratação feitos pela sua administração são pouco transparentes, colocou-se, assim como aos funcionários do ministério que tutela, numa situação muito incómoda e vulnerável. Questionou a sua competência e seriedade, a sua fiabilidade. Haverá outra leitura?

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