Novamente o Fantasma do Serviço Militar Obrigatório

A temática parece ter regressado às páginas dos jornais, mas não ainda à agenda política. A recente decisão do governo sueco de voltar à conscrição ajudou a que o tema ocupasse novamente as capas dos jornais. Juntam-se a isto, as notícias de que as Forças Armadas não teriam conseguido incorporar em 2016 cerca de metade dos efetivos necessários para operar. Parece que o panorama para 2017 não será muito melhor.
O que está a ocorrer era plenamente previsível. Tive, aliás, a oportunidade de o referir em diversas ocasiões. Por ter já escrito sobre o tema no “Observador” (http://observador.pt/opiniao/por-que-faltam-voluntarios-para-as-forcas-armadas) não irei repetir os argumentos já aduzidas. Mas perante a inércia e a incapacidade para se dar uma resposta ao problema vejo-me na contingência de ter de me plagiar. É triste um problema desta gravidade estar antecipadamente identificado e as instâncias responsáveis pela sua resolução não fazerem nada para o mitigar.
Como fiz na altura questão de salientar, contrariando o pensamento (se é que tem algum) do Ministro da Defesa Nacional sobre este assunto, a solução para o problema não se encontra na centralização do recrutamento, mas exatamente no contrário: ação descentralizada através de uma política de proximidade, como se fazia anteriormente quando o sistema funcionava. O ministro Aguiar-Branco destruiu a estrutura de recrutamento assente em centros de recrutamento e gabinetes de atendimento que cobriam todo o território nacional, através dos quais era possível exercer essa ação descentralizada. Pô-la agora de pé não é fácil.  
Através dessa estrutura acedia-se a grande parte do universo recrutável, sendo possível desenvolver uma política de comunicação agressiva junto das escolas, dos centros de emprego, das juntas de freguesia, nas feiras e festas levadas a cabo por esse país fora, incluindo sábados, domingos e feriados.
A alternativa, a política de angariação de recrutas centralizada com base no Dia da Defesa Nacional e na possibilidade de inscrição via internet deu no que deu. Se o objetivo era poupar conseguiram o que pretendiam.
É o que resulta ter à frente de organizações pessoas pouco preparadas. E não é má língua. É como ter um diretor nacional de armamento que não fala inglês e tem dificuldade em distinguir um morteiro de um obus. Então entre um “tanque” de uma peça de artilharia auto-propulsada…é trabalho para a noite inteira. Depois não se queixem. Quem semeia ventos colhe tempestades. A culpa está perfeitamente identificada, não venham com explicações sociológicas, tirando o cavalinho da chuva.


Comentários

Mensagens populares