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O Pedagogo e o Generalato Reumático
A revista “Sábado” desta semana traz um artigo de um
conhecido articulista da nossa praça. Vem-nos explicar, com a serenidade dos
sábios, que o processo sobre as mortes dos Comandos obriga a uma reflexão
profunda. Não podíamos estar mais de acordo. Do alto do seu pedestal vem-nos
informar que essa reflexão deve ser feita longe do circo mediático, das
imprudências de julgamentos “morais”, da histeria e do cinismo, das tiradas
sobre as “instituições eternas”, da nostalgia de certo generalato reumático,
etc., etc.
Devo dizer que fiquei arrebatado com tanto discernimento.
A parte de que gostei mais foi a da nostalgia de certo generalato reumático. E
essa toca-me, porque tenho tomado posições públicas sobre a matéria. Como o
conteúdo de quase todas as tiradas dá para o hermético e encriptado (só os
iluminados conseguem entender), fico com dúvidas sobre o que quer dizer com
reumático, já que generalato consigo perceber. Até aí chego eu.
A metáfora do reumático deve ter
a ver com incapacidade/limitação física. Ora verifico que o distinto
articulista é mais velho do que eu. Ia desafia-lo para um teste de Ruffier
Dickson ou uma sessãozinha de luvas, mas desisti. Não parecia bem “estar a bater”
em velhinhos. Se reumatismo se refere mesmo a incapacidade/limitação
física então o articulista perdeu uma oportunidade soberana para estar calado.
Provavelmente a metáfora não se
aplicava à vetustez do Cartão de Cidadão, mas estava-se a referir a outros
tipos de capacidades, de outro foro que não o físico. Se for assim, vou fingir
que não percebi onde queria chegar.
Mas não resisto a uma pequena provocação. Já vi
trabalhos sobre a matéria muito melhores. Presunção e água benta cada um toma a
que quer. Eu sei como custa ganhar a vida.
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